Os treinos da GP2 começaram com três brasileiros: André Negrão, Lucas Foresti e Felipe Nasr

Depois de uma temporada sonolenta, sem brilho e ignorada pelos campeões das demais categorias de base, a GP2 voltou à pista nesta terça-feira, dia 30, para o primeiro dos dois dias de treinos coletivos no circuito de Barcelona. Dessa vez, a lista de inscritos prometia um pouco mais de emoção que o último ano.

Se nos primeiros treinos da pós-temporada de 2011 nomes como Fabio Onidi, Fabrizio Crestani e Giancarlo Serenelli eram o que havia de novidade – além da ausência de Valtteri Bottas, então campeão da GP3 –, agora 15 dos 27 pilotos presentes não haviam disputado o campeonato encerrado no mês passado.

Entre os estreantes, estavam Mitch Evans (campeão da GP3), Daniel Abt (vice da mesma GP3), Daniel Juncadella (campeão da F3 Euro), Adrian Quaife-Hobbs (campeão da AutoGP) e Gianmarco Raimondo (campeão da antiga F3 Espanhola). Além deles, os brasileiros André Negrão e Lucas Foreti, oriundos da World Series by Renault, também tomaram parte do treino.

É claro que a presença de tantos novatos nessa primeira atividade não significa um grid mais competitivo em 2013. Daqui até o início do campeonato, muita coisa ainda vai mudar. Mas esse primeiro treino já é uma esperança de que poderemos ter uma disputa melhor no próximo ano.

Daniel Abt testou pela Lotus. Juro que nunca vi tanto patrocínio em um carro da GP2 antes

No entanto, se levarmos em conta apenas o resultado deste primeiro dia de atividades, já podemos começar a pensar em 2014. Quem terminou na frente foi o veteraníssimo Luca Filippi, que colocou o carro da Coloni na primeira colocação. Porém, é preciso fazer uma ressalva aqui. A escuderia italiana já anunciou que não vai participar do campeonato de 2013, depois de se desentender com a organização da GP2. Não li nada a respeito, mas acredito que os treinos da pós-temporada façam parte do contrato das equipes, ou seja, se a Coloni não participasse dessa atividade seria obrigada a pagar uma multa altíssima.

Por isso, eles escolheram dois pilotos – Filippi e Daniel de Jong – sem se preocupar com o desenvolvimento do carro. Colocaram pneus novos, pouco combustível e lideraram a sessão. Não deixa de ser um jeito de, quando saírem de vez, tentaram mostrar que a GP2 está perdendo uma equipe grande, que esteve na frente em todos os treinos. Sendo que não é bem essa a verdade.

Levando em conta o desempenho da Ocean – que mal completou voltas com Kevin Ceccon e Ramon Piñeiro – também não duvido que a equipe portuguesa siga o mesmo caminho. Ou seja, ela está no treino porque é obrigada, mas terminando o ano vão desistir do campeonato, tentando achar algum comprador.

Voltando ao que aconteceu na pista, os pilotos mais experientes obviamente levaram vantagem. Dos dez primeiros, apenas três foram novatos: Quaife-Hobbs, Evans e Jake Rosenzweig. E isso é mais do que natural. Até os estreantes se adaptarem totalmente à categoria, eles ainda vão tomar tempo dos mais velhos.

Felipe Nasr assumiu o carro usado por Max Chilton em 2012

Por isso, nessa onda, a 13ª colocação de Felipe Nasr deixou um pouco a desejar. Pelo que vi, a Carlin não se preocupou em fazer voltas rápidas nesse primeiro dia, por isso o brasileiro não conseguiu entrar na briga pelo top-10. Por outro lado, ele também terminou 0s2 atrás do companheiro de equipe, Rio Haryanto, que ficou com a sexta colocação.

É claro que o primeiro treino não quer dizer nada e, em 2012, a pré-temporada de Nasr foi bastante ruim, tanto que o bom rendimento dele nas primeiras etapas do ano foi de certa forma surpreendente. Mas para quem precisa puxar para si o rótulo de favorito, não foi um bom começo.

Justamente pela necessidade de mostrar resultado no próximo ano, acho uma furada competir pela Carlin. Pelo time britânico, Nasr foi campeão da F3 Inglesa, em 2011, e terminou a corrida de Macau na segunda colocação. Como eles já estão trabalhando de olho em uma nova participação na etapa asiática, em novembro, era mais do que natural que o trabalho se estendesse até a GP2.

Por isso, até o momento, foi só um teste, e o brasileiro não tem nada fechado com a escuderia. O que Felipe pode apostar para 2013 é se juntar a um time o qual já conhece e tentar aproveitar o bom momento da escuderia, que terminou o último campeonato na quarta colocação, com Max Chilton conquistando duas vitórias.

Campeão da Auto GP, Adrian Quaife-Hobbs foi um dos pilotos da Addax

O problema, é que o bom rendimento da equipe inglesa se deu muito mais pela experiência de Chilton. Assim como a Arden teve um bom ano porque Luiz Razia estava lá e não porque o equipamento em si era um foguete. Esse, aliás, é um erro comum de acontecer. Na história recente da GP2, alguns pilotos fecharam contrato com equipes pensando em repetir o desempenho delas no ano anterior. Só que, na pista, a realidade foi bastante diferente.

Para citar alguns exemplos, Stefano Coletti acertou com a Coloni, em 2012, esperando andar no mesmo ritmo de Luca Filippi, que havia dominado a segunda metade da temporada anterior. O monegasco sequer aguentou até o fim do campeonato e trocou de time. No ano anterior, Fabio Leimer havia apostado na Rapax, esperando ter um desempenho similar ao de Pastor Maldonado na campanha pelo título. É claro que os quatro anos de experiência do venezuelano falaram mais alto, e Leimer foi apenas o 14º. Portanto, não é errado dizer que esses pilotos perderam um ano da carreira a partir de escolhas erradas.

Pessoalmente, ainda acredito que as equipes grandes são o porto seguro da GP2. Competir pela Lotus (ART) e pela Addax (e em grau menor pela Racing Engineering e pela iSport), ainda é uma vantagem muito grande. Essas escuderias fornecem bons equipamentos aos pilotos e, mesmo em um dia ruim dos competidores, elas conseguem fazer com que somem pontos importantes. Basta ver o oitavo lugar de James Calado, em Valência (onde poderia ter sido um prejuízo muito maior), e a vitória de Johnny Cecotto Jr em Hockenheimring.

Para encerrar, vale destacar o bom desempenho de André Negrão nesta terça. Depois de dois anos na World Series, o piloto paulista testou na GP2 pela Racing Engineering e terminou com a 12ª posição, colocando quase 1s em Gianmarco Raimondo, o outro piloto da escuderia.

Para ler a história completa e ver os tempos desse primeiro dia de atividades da GP2, basta clicar aqui.