
A F-Renault Eurocup passou apertos neste final de semana, em Moscou. A pouca estrutura do entorno do autódromo russo para receber a categoria fez os pilotos passarem poucas e boas fora das pistas. Dentro dela, os comissários não ajudaram e, para piorar ainda mais, a chuva esteve presente como uma fina garoa na manhã deste domingo.
Apesar disso, as corridas aconteceram sem maiores problemas e Daniil Kyvat fez a alegria da torcida da casa ao vencer as duas baterias do campeonato de acesso. De quebra, o jovem piloto da Red Bull assumiu a liderança do campeonato com uma vantagem de apenas um ponto para o belga Stoffel Vandoorne, da Josef Kauffmann.
Agora, a categoria entre um hiato de dois meses até a próxima etapa, já que as corridas na Hungria acontecem apenas nos dias 15 e 16 de setembro. Por isso, não é absurdo pensar que a disputa do título deve mesmo ficar entre Kyvat e Vandoorne. Basta ver que o terceiro colocado, Norman Nato, tem apenas 72 pontos, menos da metade dos dois ponteiros.
O interessante disso tudo é pensar que essa não é uma situação nova para o campeonato. Nos últimos anos, a decisão da F-Renault tem sido entre um piloto da Red Bull e um atleta desafiante e – surpresa! – o rubro-taurino saindo derrotado sempre.
Se Kyvat conseguir se sagrar campeão da F-Renault lá no mês de outubro, essa será a primeira vez desde 2007 que um piloto da equipe energética levantará a taça. A última vez aconteceu com Brendon Hartley, que precisou superar Jon Lancaster e Charles Pic para ser campeão. No entanto, Jaime Alguersuari fez parte daquela geração, mas havia terminado apenas na sexta colocação no campeonato. Mika Maki, por sua vez, foi apenas o nono.
Hartley encerrou um período de bastante sucesso da Red Bull na categoria. Entre os anos de 2004 e 2007, os pilotos energizados foram campeões em três oportunidades e ainda conseguiram um vice. Além do neozelandês, Scott Speed e Filipe Albuquerque também ergueram a taça de campeão. Já Michael Ammermüller, em 2005, foi derrotado por um nipônico abusado de nome Kamui Kobaysahi.

Só que a torneira secou a partir daí. Em 2008, a Red Bull escalou uma dupla que se aparentava bastante promissora para dar sequências às conquistas, formada por Daniel Ricciardo e Jean-Éric Vergne (que coisa não?), mas o título ficou com Valtteri Bottas. Na ocasião, o finlandês superou Ricciardo por apenas três pontos e recebeu uma proposta para se tornar piloto em desenvolvimento da Renault, mas acabou recusando-a.
Em 2009, a Red Bull deixou Vergne no campeonato para que ele abusasse da experiência e conquistasse a taça. O francês venceu quatro corridas, mas os abandonos na rodada de Barcelona acabaram pesando. No final, JEV somou 128 pontos e foi batido pelo espanhol Albert Costa. Curiosamente, Antonio Félix da Costa – hoje rubro-taurino – fez parte daquela geração e havia sido o piloto a ser batido em toda a temporada. No entanto, uma desclassificação na etapa de Nürburgring acabou literalmente custando o título, e o luso encerrou com os mesmos 128 pontos do futuro companheiro de energético.
Em 2010, o alvo da Red Bull foi a F-BMW e por isso Kevin Korjus sagrou-se campeão da F-Renault sem enfrentar um piloto rubro-taurino. Porém, no outro certame, Carlos Sainz Jr. e Daniil Kyvat não deram muitos motivos para a turma de Helmut Marko comemorar, já que ambos ficaram longe da briga pelo título entre Robin Frijns e Jack Harvey.
O problema é que o duelo se repetiu em 2011. Com o fim da F-BMW, a Red Bull voltou a prestar atenção na F-Renault trazendo Sainz e Kyvat para conquistar a taça. O espanhol dominou boa parte do campeonato, mas acabou batido por Frijns, que pôde celebrar a segunda conquista em cima do espanhol. Isto é, em bom português, Sainz é um freguês de Frijns.
Aí chegamos em 2012. Com três anos nas categorias de base, Kyvat tem tudo para encerrar o jejum de títulos da Red Bull na F-Renault. Só faltou combinar com Vandoorne, que fará o possível para estragar a festa rubro-taurina mais uma vez.
Para encerrar, o jejum só acontece na F-Renault Eurocup. Em demais campeonatos, como a Italiana ou a Norte-Europeia, a Red Bull tem conseguido comemorar as conquistas de seus pupilos. Mas levando em conta que o Europeu é o principal certame, não é absurdo dizer que essas taças às vezes não passam de prêmios de consolação.