Sébastien Loeb não teve muitas dificuldades para se tornar o campeão dos X Games. Mas isso deixou o evento, de certa forma, chato

Não há dúvidas de que Sébastien Loeb é um dos melhores pilotos do mundo, independentemente da modalidade. Aos 38 anos, seu pequeno currículo incluiu oito títulos do WRC (e liderando a atual temporada), três da Race of Champions (e um quarto da Copa das Nações), segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans de 2006 e treinos na F1 pela Renault e pela Red Bull. Resumindo, o francês é bom em tudo o que faz.

Neste domingo, dia 1º, Loeb pôde comemorar um título inédito ao garantir a medalha de ouro nos X Games, competindo no Global RallyCross. Com uma réplica do Citroën DS3, usado no WRC, o francês não tomou conhecimento dos adversários e deixou Ken Block e Tanner Foust para trás para conquistar o almejado X de ouro.

Em termos publicitários, a ação foi um sucesso. Não importa muito quem teve a ideia de convidar Loeb para participar dos X Games, mas é difícil pensar que o resultado poderia ser tão positivo. Mesmo quem ignorou o Global RallyCross nas duas primeiras etapas de 2012 tomou conhecimento da competição por causa da presença do francês. Consequentemente, todos os patrocinadores do evento se deram bem com isso, principalmente Red Bull, Citröen e Total.

Mas em termos esportivos a competição deixou a desejar. É verdade que Loeb chegou a Los Angeles como favorito ao título, mas ele sequer teve chances de enfrentar algum adversário. Seus principais rivais foram se eliminando aos poucos, deixando o francês livre para conquistar o X de ouro de uma forma dominante.

Apesar de toda a sorte, é inegável que Loeb é bom mesmo. Aliás, ter aceitado correr nos EUA apenas aumenta a conquista

O primeiro a cair fora da competição foi Marcus Gronholm, líder da temporada 2012 do Global RallyCross e antigo rival de Loeb no WRC. O finlandês sofreu um grave acidente ainda nos treinos ao bater de frente com uma mureta mal posicionada e desmaiou com o impacto. O piloto foi levado de helicóptero para o hospital, onde foi medicado e passa bem.

Depois, foi a vez de Travis Pastrana dar adeus à competição. Sem Gronholm, o novo piloto da Nascar era o principal candidato a estragar a festa de Loeb, ainda mais por ter como característica crescer em grandes competições. Só que Pastrana foi empurrado na mureta por Andy Scott – um gentleman driver, digamos – ainda na primeira curva da primeira bateria da primeira fase e teve seu carro completamente destruído.

O piloto até tentou continuar nos X Games ao pedir para a organização da competição para usar o carro do companheiro de equipe nas corridas seguintes. Só que o regulamento do evento impede esse tipo de manobra, e Pastrana foi sumariamente eliminado, assim como o parceiro.

Sem os dois principais oponentes, Loeb precisaria apenas terminar a final sem maiores sustos para garantir a medalha de ouro. Na corrida decisiva, o francês pulou na frente e viu Tanner Foust cometer um erro primário na hora de tracionar o carro antes das luzes verdes. Com isso, o americano perdeu muito tempo e jamais conseguiu desafiar o astro do WRC. Os dois tiveram bons duelos nas corridas preliminares, por isso Foust era apontado como um dos que poderia destronar o gaulês.

O último adversário foi Ken Block, um velho conhecido de Loeb. O americano já participou de algumas etapas do WRC e por isso já sabia o que o esperar. Só que o piloto teve um pneu furado logo no início da corrida decisiva e jamais conseguiu manter o mesmo ritmo de Sébastien. No final, a medalha de prata ficou de bom tamanho para ele.

Assim, Loeb deixa os X Games provando que não é o melhor de todos por acaso. A sua presença na competição foi algo marcante e serviu para promover tanto o evento quanto o próprio WRC em terras americanas. Por outro lado, em termos de competição foi ruim, já que o francês também provou que tem sorte de campeão ao conquistar o título sem precisar fazer grandes esforços, esperando apenas que os rivais se tirassem da disputa.

Portanto, tomara que Loeb retorne para defender o título em 2013, em um grid que tenha Gronholm em condições, além de Pastrana, Block e Foust inteiros. Também seria legal os X Games convidarem alguém para tentar quebrar o domínio do francês. Robby Gordon seria um bom nome, mas acho que não é o único que merece lembrança.

Confira como foi a bateria decisiva do Global RallyCross dos X Games: