A NET confirmou nesta terça-feira, dia 27, o acordo com a Fox Latin America para a adição do Fox Sports na grade da emissora. Assim, como já era esperado, o Speed Channel encerrou as atividades no Brasil, já que as duas maiores operadoras – Net e Sky – acertaram com o canal multi-esportivo.

É verdade que o Speed ainda segue em algumas operadores menores e também em streamings na Internet, mas para a grande maioria dos consumidores ele acabou.

No fim, acho que o grande mérito do Speed Channel foi ser o primeiro contato de muita gente com categorias não tão conhecidas. Enquanto apenas F1, Indy e Stock Car tinham espaço na TV aberta, o Speed contava com uma programação com F3 Inglesa, DTM, WTCC, V8 Supercars, World Series by Renault e, claro, a Nascar, o carro chefe da emissora.

Não acho que seja exagero dizer que foi o Speed que abriu caminho para os brasileiros nos Estados Unidos. Não só na Nascar, mas também na GrandAM(certame que antecedeu a Imsa). É verdade que mesmo se o canal americano não tivesse existido, a categoria criada por Bill France poderia ser um sucesso no Brasil, visto que tanto SporTV quanto Bandsports a transmitiram.

Só que esses dois canais tinham problemas. Enquanto a emissora da Globosat não passava a maior parte das corridas na íntegra (exibindo-as apenas no programa Grid Motor, que começava de madrugada, mas sem horário fixo), o outro canal recebia bastante críticas pela baixa qualidade de informação passada pelos encarregados de fazer a transmissão.

Nelsinho Piquet
Não acho absurdo dizer que o Speed Channel teve a ver com a ida dos brasileiros para a Nascar

No Speed isso não acontecia. É bem verdade que a transmissão da Nascar merece, sim, algumas críticas, mas havia um padrão diferente das outras emissoras. Bem ou mal, você sabia quem era o narrador e o comentarista (também, o canal praticamente só tinha dois funcionários) e havia esforço da dupla de se informar ao longo da semana sobre o que acontecia na categoria americana.

Ao longo da história do Speed Channel, o canal mudou a programação muitas vezes. A Nascar continuou como o carro chefe, mas o número campeonatos exibidos diminuiu. Nos últimos anos, os torneios brasileiros ganharam espaço com os relevantes Copa Engebrás de Marcas e Pilotos e o Arrancadão de Caminhões, enquanto a World Series by Renault e a V8 Supercars foram abandonadas.

De qualquer forma, esse saudosismo também esconde a tristeza que era acompanhar a programação no início do canal. As legendas eram completamente dessincronizadas com o que era dito, sendo impossível assistir a qualquer coisa legendada. E os mesmos dois ou três comerciais eram repetidos a exaustão. Ora, quem não cansou de ouvir Juanes, Lenny Kravitz, RHCP, Matchbox Twenty e tantos outros clipes de um minuto repetidos e repetidos?

Abaixo você pode ver o lendário Juanes, a voz marcante do Speed Channel:

No fim, é verdade que o número de clipes caiu, mas o Speed continuou com algumas coisas bizarras. Em 2012, fizeram uma chamada para a Daytona 500 em que falava algo como “é a principal corrida da Nascar e só de participar os pilotos já se sentem importantes”. Ok, tudo bem, isso é verdade. Mas a chamada foi usada em toda a corrida agora. Quer dizer, Phoenix ou Martinsville são etapas tão importantes assim? Acho que não.

Por outro lado, o WRC praticamente não tinha chamadas durante a programação. Eu nem saberia que eles transmitiam o rali se não fosse pelos comentários do Twitter na época da estreia.

Para encerrar, lembro quando meus pais colocaram Speed Channel em casa. Foi em 2006, na época eu ainda morava com eles. O canal começou a ser exibido no início do ano, mas eu estava naquela fase de não ficar em casa vendo televisão nos finais de semana. Depois, no Dia dos Pais, com toda a família reunida, colocaram no Speed, que estava passando uma etapa da Nascar em Watkins Glen.

A corrida foi sensacional, ou pelo menos lembro assim, e a partir daí eu assisti à Nascar no final de semana seguinte, no outro e em mais um… bom, minha rotina é essa faz alguns anos.

No final, é verdade que com o Fox Sports a Nascar continua, mas o restante da programação automobilística é uma incógnita. Então em homenagem  ao slogan do novo canal ‘choremos juntos!”.

P.S.: tinha colocado no Twitter na noite de ontem que o Speed Channel sempre será lembrado por jamais ter deixado Sérgio Lago completar a frase “Faremos uma pausa e voltamos”, sem ser cortado no meio. E, para você, algo no Speed foi marcante?

Speed Channel
Agora já é praticamente oficial. O Speed Channel morreu