Rubens Barrichello Indy Sebring
Não dá para negar que Rubens Barrichello foi a grande atração do primeiro treino coletivo da Indy em 2012

A Indy realizou nesta semana, em Sebring, o primeiro treino coletivo para a temporada 2012 da categoria. Evidentemente, a grande estrela das atividades foi Rubens Barrichello, que teve a rotina acompanhada de perto pelos figurões da categoria.

Só que não era apenas a presença do brasileiro que importava. Na realidade, todo mundo queria ver o desempenho do ex-piloto da Williams. Afinal, até agora, Barrichello havia participado de testes nunca com mais de dez pilotos, mas dessa vez ele teria a oportunidade de andar com casa cheia, já que praticamente todos os pilotos confirmados para 2012 estiveram presentes.

Para os treinos, a Indy propôs um regulamento esquisito. Na segunda e na terça-feira, cerca de metade do grid foi à pista. Esse primeiro grupo foi composto praticamente pelos pilotos da Penske e da Andretti, além de gente como Simona De Silvestro e Simon Pagenaud. Na quarta-feira houve um descanso, com os carros da Indy Lights entrando em ação, enquanto o segundo grupo de competidores tiveram quinta e sexta-feira para testar.

Com isso, Barrichello, Tony Kanaan e os carros da Ganassi ficaram apenas com os dois últimos dias e, portanto, jamais encontraram a pista nas mesmas condições que os rivais de Penske e Andretti.

Mesmo assim, é possível tirar algumas conclusões desse primeiro treino coletivo da Indy em 2012. Levando em conta a melhor volta de cada piloto ao longo dos quatro dias, Barrichello ficou com o quarto melhor tempo. O novo contratado da KV só ficou atrás da dupla principal da Ganassi – Scott Dixon e Dario Franchitti –, além de Helio Castroneves.

O ex-piloto da F1, portanto, superou Will Power, Ryan Briscoe, Graham Rahal e todos os carros da Andretti e da KV. Também foi o melhor estreante, evidentemente.

Rubens Barrichello Tony Kanaan Indy Sebring
Rubens Barrichello deixou o companheiro de equipe Tony Kanaan para trás no primeiro treino

É natural que com um resultado desses, a expectativa com relação a Barrichello para a temporada aumente. Se havia dúvidas quanto à adaptação do brasileiro à nova categoria, elas foram sanadas nessa semana. Afinal, competindo de igual para igual com todos os grid, o paulista conseguiu estar sempre entre os primeiros colocados.

Talvez a referência mais óbvia para Barrichello, ainda mais por causa desses primeiros resultados, seja Nigel Mansell. O inglês foi o último piloto do grande escalão da F1 a deixar a categoria para correr no mercado norte-americano. Mas para quem já começou a tecer essa comparação é preciso tomar cuidado a alguns fatores.

O primeiro deles é que Barrichello não é Mansell. Os dois certamente estão presentes na história da F1 como alguns dos pilotos mais talentosos da categoria, mas há uma clara diferença de habilidade entre eles. Outro fator é que apenas o inglês conseguiu chegar ao título no certame europeu.

Quando Mansell deixou a F1, ele era o atual campeão da categoria e acertou com a Newman/Haas, que tinha sido o melhor time da Indy nos últimos dois anos. Michael Andretti conquistara o título de 1991 pelo time e perdera o do ano seguinte para Bobby Rahal por causa da inconsistência nos resultados, embora o carro da NH tenha sido superior ao da Rahal.

Barrichello, por sua vez, acertou com uma equipe que ainda busca a primeira vitória na Indy. É lógico que os torcedores do brasileiro querem vê-lo brigando por vitórias e até mesmo pelo título, por que não? Mas falar em taça para um time que jamais venceu me parece um passo muito grande.

Nigel Mansell Newman/Haas
Nigel Mansell tinha uma equipe muito mais estruturada à disposição

A própria KV sabe das suas limitações estruturais. Em 2009, por exemplo, eles só inscreveram um carro na temporada toda, para Mario Moraes. Agora, três anos depois, são três máquinas, para Kanaan, Barrichello e E.J. Viso.

E os dirigentes do time – Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven – reconhecem que a contratação de cada um desses atletas (principalmente os brasileiros) elevou o nível da equipe. Então não é só Barrichello que precisa se adaptar à categoria, os integrantes da equipe também vão precisar se acostumar à pressão de trabalhar em alto nível na luta pela vitória em uma semana sim e em outra também.

Em termos práticos, eles serão obrigados a definir coisas como tática nos boxes e estratégia de combustível em cima da hora, no calor do momento. Na etapa do Anhembi do ano passado, foi uma dessas decisões – errada – que custou uma possível vitória de Takuma Sato. Na ocasião, o japonês vinha na liderança, mas acabou obrigado a fazer o reabastecimento em bandeira verde, enquanto os principais rivais aproveitaram o safety-car.

Além disso, vale lembrar que era o argentino Esteban Guerrieri que estava negociando com a KV para ficar com a terceira vaga. Barrichello apenas apareceu do nada e se tornou uma oportunidade irrecusável para o time americano. Então, os engenheiros e mecânicos que vão trabalhar com o brasileiro não são necessariamente os top de linha contratados para lutar pelo título, mas funcionários de Sato na temporada passada e que imaginavam Guerrieri como piloto.

Isso tudo não quer dizer que Barrichello não possa ser campeão nesse ano de estreia. Ele pode. Mas é preciso ficar claro que será uma tarefa muito mais difícil que a de Mansell, há 19 anos.

P.S.: a soma dos tempos dos treinos da Indy em Sebring você pode ver clicando aqui.

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