Mikhail Aleshin
A World Series by Renault deveria esculpir um busto para Mikhail Aleshin. Em 2012, o russo começa a quinta temporada na categoria em que já foi campeão

Alguns pilotos ficam famosos por passar toda a carreira na mesma categoria, esperando alguma reviravolta quase que milagrosa para finalmente conseguirem chegar à F1.

Geralmente, ao falarmos desses pilotos, é quase que automático nos lembrarmos dos italianos da GP2. Afinal, entre Giorgio Pantano, Luca Filippi e Davide Valsecchi já são quase 300 participações na categoria (se valer também a época da F3000).

Para o bem ou para o mal, o trio transalpino ao menos conseguiu se firmar na categoria de acesso direta da F1. Ou seja, se alguma chance remota aparecesse, eles estariam no lugar certo. Outros atletas, no entanto, não tiveram a mesma sorte e acabaram passando a carreira em campeonatos ainda menores.

Esse é o caso de Mikhail Aleshin, que foi anunciado nesta segunda-feira, dia 20, como novo piloto da RFR (antiga KMP) na World Series by Renault. De uma forma curiosa, o russo está de volta ao campeonato em que conquistou o título recentemente, em 2010, quando competiu pela Carlin.

Essa, na verdade, não é nem a segunda passagem de Aleshin pelo certame. Já é a terceira. Ao todo, o piloto vai para a quinta temporada na categoria.

A carreira do russo na World Series começou depois do bom desempenhos nas F-Renault da Itália e da Alemanha, em 2005. Contando com o apoio da Red Bull, ele assinou com a Carlin, para quem competiu durante três temporadas, mas conseguindo apenas a quinta colocação na como melhor resultado na classificação geral.

Após essa passagem inicial, Aleshin retornou à equipe inglesa em 2010, depois de ficar um ano na F2 por exigência dos rubro-taurinos. Sem o patrocínio dos energéticos, o russo foi campeão da World Series ao ironicamente superar Daniel Ricciardo, que assumira sua vaga na empresa de Dietrich Mateschitz.

Com a taça, Aleshin tentou uma transferência para a GP2, mas um patrocinador acabou dando para trás de última hora, e o piloto só participou de seis provas da categoria, em 2011, e perdendo outras duas por conta do braço quebrado.

O curioso é que o russo chegou a ser bastante cotado na F1 após o título da World Series, justamente pela força dos patrocinadores. Na época, foi especulado que ele poderia assumir a vaga até então era ocupada por Lucas Di Grassi, na Virgin, mas que acabou com Jérôme D’Ambrosio.

Mikhail Aleshin
Com o título da World Series by Renault de 2010, Mikhail Aleshin não teve glamour. O piloto foi obrigado a correr na F3 Alemã por uma equipe da Geórgia (!)

Com uma mão na frente e outra atrás, desde que perdeu o patrocinador, a carreira de Aleshin se resumiu a depender de convites para correr. Enquanto buscava reverter a situação na GP2, o russo descolou de uma forma extremamente curiosa uma vaga na Stromos ArtLine, uma equipe da Geórgia, que disputa a F3 Alemã. Eles inscreveram dois carros no último ano: um para o estoniano Anti Rammo, na divisão principal, e outro para Aleshin na divisão menor (equivalente à National Class).

Para falar a verdade, a tática foi genial. Um time que ninguém jamais tinha ouvido falar conseguiu apoio suficiente para inscrever o campeão da World Series by Renault para correr na divisão menor da F3 Alemã. Quem poderia imaginar? E mesmo quando houve choque de datas entre a participação de Aleshin com a GP2, a Stromos se manteve por cima e trouxe até mesmo Tom Dillmann, para substituí-lo. Tom havia sido o campeão da própria F3 germânica no ano anterior.

Outro convite que Aleshin recebeu foi para disputar uma etapa com a KMP na World Series, quando o titular Anton Nebylitskiy estava lesionado. A equipe russa ficou mais do que satisfeita com o trabalho feito pelo piloto e resolveu efetivá-lo para a nova temporada.

No final, é uma situação em que os dois saem ganhando. A KMP (agora RFR) vai contar com um piloto que conhece a categoria como a palma da mão. Como a World Series by Renault estreia um novo carro esse ano, caberá a Aleshin desenvolver o equipamento do time russo, assim como ele já havia feito na Carlin.

Por outro lado, com o grid da categoria tão fortalecido como está para 2012, é a chance de Aleshin correr de igual para igual contra alguns dos pilotos mais badalados da atual geração, provar que ainda é o melhor e que a carreira só não deu certo por causa da falta de dinheiro.

Nessa situação, penso se a World Series by Renault deveria estabelecer uma regra, conforme já existe na GP2, que impede um piloto de defender o título. Ou seja, se o cara é campeão, ou sobe de categoria, ou volta para casa. Eu tendo a achar que não. A presença de Aleshin só vai fortalecer o campeonato e ajudará ainda mais no desenvolvimento dos novos pilotos. Mas não estou 100% convencido disso.

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