O Ano Novo é sempre uma época interessante para lembrar a segurança nas estradas. Afinal, para muita gente ainda estamos na época das férias de verão, quando viagens e uns goles a mais fazem parte da rotina.
No automobilismo, a FIA tem se empenhado nos últimos anos a promover campanhas para a segurança nas ruas. Não sei se você já reparou, mas após cada resultado de treino classificatório da F1, os três primeiros do grid vão para aquela sessão de fotos com o emblema da campanha ao fundo.
Por que estou dizendo isso? Pois bem, parece que a FIA de vez em quando erra a mão na hora de escolher os bastiões da segurança. Digo, os pilotos do safety-car. Aí o resultado são alguns dos acidentes mais bizarros da história do automobilismo. Afinal, nada mais frustrante que ter a sua corrida destruída justamente por aquele cidadão que deveria te proteger.
Em se tratando de F1, as confusões envolvendo o carro de segurança são bastante variadas. Quem não se lembra do acidente no S do Senna, alguns anos atrás, quando Nick Heidfeld acertou a porta do carro médico? Mas tinha um cara que era mestre em se envolver nesse tipo de confusão: Taki Inoue.
O piloto japonês, se você não lembra, participou da F1 em 1995 pela Footwork, ao substituir Christian Fittipaldi, que tinha ido para a Indy. Em termos de desempenho, ele deixava a desejar, já que tomava tempo até mesmo do compatriota Ukyo Katayama, mas quanto a problemas na pista Inoue era um verdadeiro mestre.
Vale lembrar que a segurança da F1 estava em crise em 1995 depois dos graves – e fatais – acidentes nos dois últimos anos, após batidas de Ayrton Senna, Karl Wendlinger, Roland Ratzemberger, Mika Hakkinen e Rubens Barrichello. A pressão nos comissários e médicos era absurda, pois eles sabiam que não podiam errar em um momento sequer. Mas com Inoue eles erravam.
Em um treino livre para o GP de Mônaco, depois de uma trapalhada, o asitático deixou o carro morrer na pista. Jean Ragnotti, no safety-car, não viu a Carlin da Racing Steps Foundation a Footwork parada na pista e acertou-o em cheio. Com Inoue ainda dentro do carro! Incrivelmente, os mecânicos conseguiram consertar o equipamento e o piloto disputou o GP e, para variar, abandonou.
O segundo incidente com Inoue é um dos mais bizarros da história do esporte a motor. Foi no GP da Hungria, disputado alguns meses depois. Inoue abandonou a corrida (jura?) com problemas mecânicos e um princípio de incêndio no carro, mas os fiscais de provas não estavam com muita vontade de apagar o fogo. O japonês foi até um desses comissáros, tomou-lhe o extintor e voltou em direção ao carro.
Com a Footwork prestes a se tornar uma bola de fogo (ok, era só uma fumacinha saindo), heroicamente o piloto asiático retornou para para apagar as chamas. Quando, de repente, ele foi atropelado pelo carro médico. Sim! O carro médico passou por cima dele e quase atingiu também o fiscal. A culpa, claro, foi do nosso amigo Taki Inoue, mas a cena do piloto sendo arremessado do capô do carro ao chão é uma das coisas mais estranhas da história da F1.
No vídeo abaixo, inspirados no grande Taki Inoue, você pode conferir o que de pior aconteceu quando o piloto do safety-car ignorou o pequeno detalhe das condições de segurança.
ah sim, duas notas mais; o brasileiro Lemyr Martins estava no stand dos fotógrafos no momento daquele acidente na Indy 500 de 1971.
e lembro de ler uma história de Alex Dias Ribeiro perder o controle e bater o medical car, com dr. Sid Watkins a bordo, num dia de treinos em Mônaco. dr. Watkins teve uma costela quebrada.
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Fernando, muito interessante esse caso do safety-car no Japão. Obrigado por compartilhar aqui no blog!
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Felipe, há também a história do grave acidente causado por um (un)safety car, em 1998 numa corrida do japonês de GTs (JGTC) no circuito de Fuji.
não houve contato do safety car com nenhum carro da competição, mas o piloto errou feio ao reduzir repentinamente sua velocidade – que estava no dobro do que deveria ser – para a primeira curva, causando um engavetamento do grid na reta principal e sérios ferimentos num dos pilotos, Tetsuya Ota, cujo carro pegou fogo e do qual o piloto não conseguia escapulir.
ele sofreu sérias queimaduras no rosto e no corpo, e o mais interessante é que processou os organizadores por negligência (do safety car e do atendimento em pista) e venceu a causa, apesar do pré acordo que ele, como todo e qualquer piloto no mundo, teve de assinar, acordo que livra os organizadores de qualquer responsabilidade sobre morte e ferimentos nos pilotos durante corridas.
é muito interessante saber a decisão do juiz e o que ele afirmou sobre a natureza desse acordo pré-corrida. um bom artigo sobre isso está em:
http://en.wikipedia.org/wiki/Tetsuya_Ota#1998_JGTC_Fuji_incident
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Justiça seja feita, o acidente em Interlagos foi cagada do Heidfeld, que não viu a bandeira amarela…
Uma pena que o acidente marcou a saída do Alex Ribeiro do volante do C63 Estate….
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kkkkk muiiiito bom mesmo.
Teve uma vez um enrosco desses na finada copa UNO (acho), sei que era transmitida pela Bandeirantes na época.
Outro que vi foi um pace-car Peugeot, dos pequenos, 200ealgumacoisa, que estourou a mangueira do radiador ou algo parecido, em uma prova que se não estou enganado era da Sudam.
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Naquela cag… histórica em Indianápolis/1973, parecia ser o Chico Xavier ao volante do “safety” car (repare em 3:37)…
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