
O grande debate após a etapa da Nascar em Talladega, deste domingo (23), foi sobre correr ou não correr no super-oval. A discussão em si nada teve a ver com a categoria deixar de realizar uma corrida na pista do Alabama, mas, sim, sobre as táticas utilizadas durante a prova.
Não é novidade para ninguém que em corridas em Talladega e em Daytona, alguns pilotos optam por manter um ritmo mais leve durante as primeiras 150 voltas, por exemplo, e só passam a brigar pela vitória nos giros finais. A situação chegou ao limite dessa vez por dois bons motivos.
Primeiro, tanto Jimmie Johnson quanto Carl Edwards, que deveriam brigar pelo campeonato, estavam no fim do grid. E, segundo, Dale Earnhardt Jr foi obrigado a não duelar pela vitória, com essa estratégia, justamente na pista em que o pai fez história.
Analisando o que aconteceu, é claro que a segurança vem em primeiro lugar. Esses pilotos foram prudentes em abrir mão de participar de uma corrida de forma competitiva durante 90% do percurso, afinal, ninguém gostaria de mais uma má-notícia para se juntar a Dan Wheldon e Marco Simoncelli.
Ainda que forte, este argumento acima – utilizado por muita gente que defende a postura cautelosa dos pilotos – é mentiroso. Se for para evitar disputas pela vitória em uma corrida sem relação nenhuma com os acidentes fatais recentes, que fechem o automobilismo. Do contrário, a situação continua a mesma, todos os pilotos sabem (e foram relembrados) dos riscos que correm e, portanto, cabe a eles decidir se querem continuar ou não na profissão.
A partir do momento que optaram por correr, não adianta justificar a tática pelas últimas semanas.

Vendo o acontecido competitivamente, não há nada de errado em optar por ficar fora do pelotão da liderança. Como a pista de Talladega permite que os pilotos recuperem terreno rapidamente, não há grandes problemas em ficar para trás. Nessas horas também vale a máxima de que o mais importante é liderar apenas uma volta: a última.
Embora em um primeiro momento na corrida do domingo – que você pode clicar aqui para relembrar como foi, com o texto na qualidade de sempre – esta tática tenha parecido a mais acertada, ela também tem grandes limitações, que ficaram bem evidentes. A mais gritante é a falta de tempo que um piloto tem para recuperar terreno. Caso ele decida entrar no ritmo normal nas últimas dez voltas, por exemplo, vai ter que percorrer dez voltas muito mais rápido que quem estiver na liderança, do contrário não vai alcançar.
Pior ainda se acontecer uma bandeira amarela. Aí mesmo que o safety-car reúna todo o pelotão, quem estiver para trás vai precisar arrumar espaço em meio a carros muito mais lentos para tentar subir de posição. No domingo, não deu. A corrida foi para a prorrogação e quem estava lá atrás quando muito avançou o suficiente para lutar no limite dos dez primeiros.
E olha que estamos falando de Talladega, que é bem mais larga que Daytona. Na Flórida, não é difícil colocar dois carros lado a lado, mas três é algo complicado. Imagina um piloto precisar passar uma dezena de duplas em duas voltas para ganhar a Daytona 500. Isso é praticamente inviável. Não é por acaso que esse ano as provas foram vencidas por Trevor Bayne e David Ragan, enquanto JJ, Dale Jr e Edwards ficaram, na maioria das vezes, em posições intermediárias.

Ainda que a tática tenha dado apenas mais ou menos certo, para Carl Edwards foi uma grande vitória. O piloto se aproveitou dos acidentes e dos infortúnios dos rivais e disparou na briga pelo título. Com 14 pontos de vantagem para Matt Kenseth, ele só perde o campeonato por erro dele próprio ou da equipe.
Isso, no entanto, não quer dizer que o campeonato não esteja aberto. Além de Edwards e Kenseth, Brad Keselowski (-18), Tony Stewart (-19) e Kevin Harvick (-26) também estão na briga. No entanto, esses quatro desafiantes só passam a ter qualquer tipo de chance se o líder abandonar, bater ou tiver sérios problemas em uma corrida. Do contrário, o título já está definido.
A estatística está a favor desse quarteto. Ainda faltam quatro corridas para o final do ano, então há tempo para que Edwards – e qualquer outro – enfrente problemas. E nesse caso estamos falando de apenas um piloto que precisa ter azar. Ano passado, por outro lado, a briga estava entre Harvick, Denny Hamlin e Jimmie Johnson. Ou seja, para qualquer outro ter chance, três tinham que enfrentar dias difíceis. Algo, evidentemente, improvável.
A próxima etapa da Nascar é em Martinsville, onde, teoricamente, Edwards deve ter mais trabalho levando em conta as quatro corridas finais. Por se tratar de um oval curto, o piloto da Roush-Fenway pode levar um toque, ser envolvido em uma batida que ele não tinha nada a ver, ou simplesmente ter problema de acerto. É difícil, mas pode acontecer.
Oi Felipe,
a prova não foi para prorrogação! A última bandeira amarela que acabou mesmo coincidentemente faltando duas voltas!
Kyle Busch – eu acredito (rsrsrs)
Abraços!
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Você tem razão, na transmissão falaram em Green-White-Checkered, mas eu revi o final da corrida e realmente não foi uma G-W-C.
De qualquer jeito, não muda o risco que é empacar no final do pelotão.
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A tática em si não é o grande problema.. claro que é sempre válido vc so disputar algo no final da corrida.. o problema é saber a hora de começar a reação e acho que foi ai que JJ e Dale Jr pecaram.. demoraram demais e Acho que os dois não tinha nada a perder. Tinham era que arriscar mesmo. Chegar fora do Top 5 era o mesmo que chegar em 20º então vamos tentar. Mas parece que o JJ tava com medo.
Pena o Tony ter ficado pra tras.. estou torcendo por ele por ser o “azarão” do campeonato!!
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