Valtteri Bottas
Valtteri Bottas foi o décimo vencedor diferente em dez provas da GP3 em 2011

A GP3 é um campeonato que foi construído nas coxas para preencher um vazio que existia no final de semana da F1 entre a extinta F-BMW e a GP2. Como não era possível pular de uma categoria para a outra, Bernie Ecclestone resolveu criar o novo certame e encaixá-lo de qualquer jeito no meio da agenda de um GP.

Por isso, pouco se treina durante o final de semana, então a grande vantagem para os jovens pilotos é estar ali na frente dos dirigentes da F1 e da GP2. E esse é o motivo de tanta gente ter interesse em participar da categoria. São absurdas 30 vagas para a pontuação que premia apenas os oito primeiros (e lembrar que a F1 mudou o formato na última temporada devido à entrada das novas equipes).

Ainda com essa injustiça bonificatória, a temporada 2010 pouco empolgou. Havia três pilotos acima da média: Esteban Gutierrez, Robert Wickens e Nico Muller, que dividiram praticamente as vitórias entre eles. O mexicano, por exemplo, antes de conquistar o título no final do ano venceu três corridas principais seguidas, deixando a disputa pela taça entediante.

Com a ida de Gutierrez para a GP2 e de Wickens para a World Series by Renault, a tendência era que 2011 fosse um domínio completo de Muller. Por algum bom motivo, não é isso o que está acontecendo. Na realidade, a atual temporada da GP3 está divertidíssima. Já foram disputadas 10 das 16 corridas previstas e até agora ninguém conseguiu ganhar duas vezes. Para aumentar a imprevisibilidade, as últimas três provas, por exemplo, foram disputadas na chuva e água teve papel fundamental no resultado embaralhado.

Assim, no campeonato, a diferença entre o líder Alexander Sims para Valtteri Bottas, o sexto colocado, é de apenas dez pontos. Mas mesmo com essa margem tão pequena na tabela de pontos, os pilotos parecem que não querem ganhar o campeonato – talvez por isso tanto equilíbrio na pontuação.

Para se ter uma ideia, Sims chegou à etapa da Alemanha vindo de três pódios seguidos. Aí, na corrida principal em Nürburgring, quando tinha tudo para dispara na tabela, a equipe Status o ordenou a entrar nos boxes nas voltas finais para colocar pneus de chuva. Caiu a tormenta esperada, mas o britânico não foi além do 12º lugar. Antes da parada, o piloto era o sexto. Menos mal que ele terminou em segundo no domingo e pôde se distanciar na pontuação.

Mitch Evans é outro que não quer ser campeão. Protegido de Mark Webber (tá explicado…), o neozelandês era o piloto dominante após as primeiras três etapas. O que não deixa de ser algo surpreendente, pois tirando o leitor do World of Motorsport antes do campeonato ninguém tinha ouvido falar no garoto que mal completou 17 anos. Só que aí veio a maré de azar. Na Inglaterra, Evans foi um dos que abriu mão da posição de largada para ir trocar pneus antes da corrida. O piloto, porém, não conseguiu recuperar o tempo perdido por largar nos doxes e ficou sem pontuar. Na Alemanha foi ainda pior. O garoto conseguiu a pole-position, mas a equipe MW Arden fez o favor de se esquecer de deixar os pneus prontos antes do aviso de três minutos para a largada. Assim, na corrida, Evans era líder absoluto antes da tempestade, mas foi punido com um drive-through pela falha da equipe quanto aos pneus e terminou apenas em 19º. Terrível.

E não são só esses os casos. Andrea Caldarelli largou o campeonato na segunda etapa, mas ainda é o oitavo, com 20 pontos. Tom Dillmann, que dominou a pré-temporada, trocou a poderosa Carlin pela Addax, onde ainda não conseguiu se encontrar. Nigel Melker completou cinco corridas de jejum de pontos, marca parecida com a ‘obtida’ por Lewis Williamson e Valtteri Bottas em seus momentos mais críticos.

No final, com tudo isso exposto, é muito divertido ver um campeonato extremamente imprevisível quanto ao resultado final. Por outro lado, parece que nenhum dos 30 (!!) garotos está pronto para subir à GP2. Ainda que o mercado na categoria de cima seja bastante travado, é triste constatar que não tem renovação. Para piorar, enquanto Evans é um novato na Europa, Valtteri Bottas e Alex Sims já estão no terceiro ano de F3 ou GP3, Melker e Calado, no segundo. Ficar mais um ano na categoria debaixo seria desastroso para eles.

Se está difícil ver quem quer ganhar a GP3, pelo menos está bastante divertido acompanhar quem está se esforçando mais para perder.

Publicidade