
A Hispania, uma das piores equipes do grid de largada da F1, caminha a passos largos para a reestruturação. Como você já deve saber, a equipe fez uma parceria com a Red Bull para dar a Daniel Ricciardo a chance de competir de forma integral no campeonato – na vaga que era de Narain Karthikeyan.
O que você não sabe, ou não relacionou com a mudança de piloto é a saída de Colin Kolles como chefe de equipe.
Kolles, para quem não sabe, é um dentista romeno com nacionalidade alemã que fez algum sucesso dirigindo equipes na F3 alemã e F3 Euro Series no início da década passada. O trabalho razoável nessas categorias o levou ao cargo de chefe de equipe de Jordan, que no final daquele ano seria vendida à Midland. Mesmo com a mudança de dono, o alemão manteve o final de 2008, quando Vijay Mallya anunciou que tomaria a função de chefe de equipe para si.
Apesar do certo sucesso na F3, de uma campanha brilhante nas 24h de Le Mans e de inscrever uma equipe no DTM em um momento que a categoria passava por um esvaziamento, a carreira de Kolles na F1 foi marcada por uma série de fracassos.
Em um primeiro momento, não é normal uma equipe ser vendida três vezes em quatro anos, como aconteceu com Jordan, Midland, Spyker e Force India. Segundo, a draga em que esses times se encontraram desde 2005 só começou a melhorar em 2009, quando a Force India marcou 13 pontos e conquistou uma pole-position, já sem Kolles.

Nesse intervalo, os times optaram por alguns pilotos curiosos. Sem dinheiro, a Jordan correu com Tiago Monteiro e Narain Karthikeyan em 2005. O português ficou na Midland para o ano seguinte, enquanto o indiano foi substituído por Christijan Albers. Depois, o holandês ficou na Spyker, mas viu o companheiro ser trocado por Adrian Sutil, que continua por lá até os dias atuais. Albers, por sua vez, daria lugar a Sakon Yamamoto e a Giancarlo Fisichella.
Mas veja como é curioso como alguns nomes se repetem. Yamamoto foi piloto de Kolles na F3 Alemã, depois na F1 pela Spyker e voltaria, do nada, na Hispania. Sutil era piloto na F3 europeia e retornou na F1. Albers e Karthikeyan participaram das 24 Horas de Le Mans com o time do alemão, enquanto Christian Bakkerud correria para ele em Le Mans e no DTM, enquanto Charles Zwolsman sairia da F3 para Le Mans também.
Até aí, não há nada muito esquisito. Afinal, um chefe de equipe colocar seus pilotos de confiança nas vagas disponíveis não é nada estranho. Só que a maioria desses cidadãos era da turma do pelotão do fundo em suas respectivas categorias. E veja como a coisa não para. Quem apareceu na Hispania em 2010? Sakon Yamamoto! Mas o japonês saiu no fim do ano e o time espanhol deu a vaga para qualquer um. Então, quem treinou por eles? Giorgio Mondini. Adivinha por qual equipe ele correu em Le Mans em 2009? Pela Kolles! Mas o suíço não ficou na F1 para a atual temporada. Na mesma equipe espanhola apareceu quem? Narain Karthikeyan, que já estava esquecido pela categoria fazia anos.
Creio que esse ciclo se repete por um único motivo: Kolles sabe quem tem dinheiro e está disposto a gastar na F1, então ele sempre vai bater nas mesmas portas. Como consequência desse ‘mar’ de talentos, as equipes pelas quais ele passa jamais saem da última posição no grid.
Então, nesta quinta-feira, Kolles disse que está se afastando da Hispania aos poucos até o final do ano. No lugar dele, um membro da família Carabante – dona do time – deve assumir a função ainda que interinamente. No mesmo dia, Daniel Ricciardo, talvez o melhor piloto (in)disponível no mercado, é anunciado para correr no pior time do grid, em um acordo envolvendo a melhor equipe da F1. Será que é só coincidência?
A entrada do australiano é interessantíssima para a briga pelas últimas posições por um motivo: há uma corrente que defende a Hispania como melhor (ou segunda melhor) dentre as equipes novas. O problema do time espanhol, além da falta de atualizações em 2010, era a dupla de pilotos, que tomava tempo para a da Virgin mesmo com um equipamento melhor. Agora, com Ricciardo, a situação pode ser totalmente oposta. Imagina se o garoto chega e logo em Silverstone já está brigando de igual para igual com a Lotus?

Caso isso aconteça, é o que a Red Bull espera para o promover logo a uma das duas equipes dela. Ao mesmo tempo, é o que a Hispania quer para tentar atrair patrocinadores e pilotos para sair do buraco. O objetivo, final, claro, seria pontuar, mas daí Ricciardo precisaria contar com a sorte em um GP em relação a abandonos de pelo menos nove carros.
Por outro lado, se der tudo errado para o australiano, ele pode sempre culpar o carro.
P.S: nesta sexta-feira, dia 1º de julho é aniversário do Daniel Ricciardo. Presentão hein? Foi só por isso que escrevi o post
P.S.2: o P.S acima é mentira. Ele faz aniversário mesmo, mas esse não é o motivo de eu escrever tudo isso
P.S.3: o motivo real é que Colin Kolles está sendo especulado na Williams. Creio que a vida de Barrichello e Maldonado pode ficar ainda mais complicada em breve..
Uma coisa é certa: no plantel atual da F1 há quatro reservas de luxo e o Daniel Ricciardo é um deles (os outros são Hulkenberg, Senna e Grosjean). Portanto só a Renault tem dois pilotos com um bom potencial prontos para entrar a qualquer momento e ambos estão a ser preparados para o futuro. Mas quanto mais a época avança mais difícil se torna entrar a meio e mostrar todo o potencial pelo que o ideal seria a entrada sem pressão de resultados, apenas como forma de preparar a época seguinte. Ricciardo e Hulkenberg sempre vão participando em sessões de treinos livres nos GP.s e estão mais bem preparados. Além disso são mais jovens e têm lugar garantido na F1 no próximo ano. Ricciardo entra agora com a HRT e Hulkenberg ainda pode ter sorte com a Force India, no lugar do Sutil, pelo menos em alguns GP deste ano. Senna está parado e seria sempre mais complicado entrar a meio e defrontar adversários já com milhares de Kms. de treinos e GP.s feitos este ano. Grosjean tem mais ritmo de competição, pois está no GP2, mas nunca guiou o R31, ao contrário de Senna. Mas nenhum deles deverá entrar este ano e Grosjean poderá ser o primeiro dos dois a ser titular com a Lotus Renault, em 2012, sobretudo se for campeão no GP2. Quanto a Senna seria bom que a Renault o emprestasse a outra equipa (como faz agora a Red Bull com a HRT para o Ricciardo) se não tiver lugar para ele como titular no próximo ano.
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Kolles brilhante em Le Mans, quando? Em 2009 quando tinha carro pra brigar pelo titulo da LMS e nem chegou a incomodar a Aston Martin? O único ponto positivo de Kolles no endurance foi o 7° lugar nas 24 Horas de Le Mans daquele ano, onde, reza a lenda, somente Lotterer e Zwolsmann pilotaram, deixando Narian a ver navios.
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prefiro o Wickens.
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