Quando Miguel Paludo aceitou o convite da equipe de Greg Rayl para correr o Toyota All Star Showdown, em Irwindale, talvez não soubesse no que estava se metendo.
Como a Germain Racing – equipe pela qual o brasileiro competiu na Nascar East em 2010 – não ia participar do evento e a Red Horse Racing – novo time de Paludo na Truck Series – não compete na categoria, Miguel Paludo, mesmo garantido no grid de largada, se viu longe da prova comemorativa. No entanto, o time de Greg Rayl apareceu e convidou tanto o brasileiro quanto Sergio Pena, que também iria ficar sem correr depois de se destacar na edição anterior, para participar do evento.
A partir daí começou o inferno astral do bicampeão da Porsche GT3. Primeiro, ele perdeu o vôo e precisou algumas conexões não programadas para ir de carro para o autódromo. Tudo isso fez com que ele perdesse o primeiro treino em Irwindale. Ou talvez isso era um aviso de tudo o que estava por vir no restante do final de semana.
Chegando à pista para a segunda sessão, Paludo encontrou um carro com cerca de 20 cv a menos que os demais. Isso quer dizer que em uma volta de 18s em média, ele era 1s5 mais lento. Para piorar, ele sequer pôde treinar pois a equipe não levara um spotter para a pista e as regras não permitem que alguém compita sem um olheiro.
Na classificação, Paludo só não foi o mais lento porque os demais carros da equipe eram extremamente ruins. Talvez tão revoltado quanto o brasileiro, Sergio Pena virou em 20s9, quase três segundos mais lento que a pole-position que estabelecera em 2010.
Com o carro tão ruim, a decisão foi de não correr. Paludo e Pena largaram para a corrida, deram duas voltas e recolheram reclamando do motor (e de muitas outras coisas, não oficialmente). Em outras palavras, a dupla fez um legítimo start and park no evento promocional.
Para quem não sabe, start and park é uma prática que acontece por causa de uma brecha no regulamento da Nascar. Alguns times porcamente estruturados montam um carro com o objetivo de se classificarem para a corrida. Assim, eles largam, dão algumas voltas e recolhem para os boxes, embolsando a premiação distribuída para o último colocado. Em geral o valor não ultrapassa os US$ 100 mil, mas na Daytona 500, por exemplo, chega a US$ 300 mil.
Bom, podem falar o que quiserem, mas para mim isso é uma fraude. Inscrever um carro para não competir e apenas ganhar dinheiro não é automobilismo. Afinal, a pessoa está se negando a correr. Nem mesmo o argumento de times heróicos que fazem muito com pouquíssimos recursos cabe. Se não tem dinheiro para correr, não corre. Simples assim. Ficar anos pegando dinheiro da Nascar não é nenhum motivo para ter orgulho, nesses termos.
Os principais pilotos da Sprint Cup se negam de forma veemente a fazer essa prática. E não estou falando das estrelas principais, e sim de gente do segundo escalão, como Elliott Sadler e Bobby Labonte, que recentemente tiveram dificuldades para seguir com a carreira. Eles, com todas as letras, afirmaram que preferiam não correr.
Sabendo da picaretagem do time, Miguel Paludo optou por ir à pista. Se a Nascar, nos últimos anos, não tivesse a presença tão ostensiva dessas equipes de start and park, a desculpa de que o time decidiu não correr pensando na segurança dos pilotos poderia até colar. Só que a equipe sabia muito bem o que estava fazendo.
Para você ter uma ideia, eu olhei a tabela de classificação da corrida. Travis Pastrana, maior astro na pista e que fazia a estreia na Nascar, terminou em um excelente sexto lugar. Fez história e deve ter tido mais destaque na imprensa americana do que o próprio Toyota Showdown. Pastrana recebeu US$ 10 mil pelo resultado obtido. Por outro lado, Miguel Paludo deu duas voltas e só. Ganhou US$ 11 mil.
Não estou falando que Paludo entrou propositalmente nesse esquema. Eu até acredito que ele foi vítima da situação toda. Mas quem o contratou sabia o que estava fazendo.
Eu crítico Paludo no momento em que ele assinou contrato com a equipe. Será que ele estava tão empolgado com o convite que sequer foi procurar o histórico do time para saber se valia a pena? É uma irresponsabilidade tremenda fazer isso tanto para ele quanto para Sergio Pena. Quer dizer, é impossível dizer agora como isso pode afetar a imagem dos dois no futuro, afinal não tem como prevermos o que vai acontecer.
E outra, eu não teria corrido. Se eu fosse vítima da situação, inventaria uma desculpa para a equipe e ia embora. Não preciso me meter na picaretagem dos outros para ganhar dinheiro da Nascar. Também não seria mais problema meu se o time seria inelegível para a premiação sem a minha presença. Eles que arrumassem outro para correr ou perdessem a vaga no grid. Vale lembrar que sete pilotos ficaram de fora – sendo que as equipes de alguns não estavam em esquemas como esses – porque Pena e Paludo já tinham classificação garantida.
Para finalizar, foi muito feio o que aconteceu. Para nós brasileiros, ver Miguel Paludo passando pela situação de start and park estraga a graça de um evento que teve um desempenho histórico de Travis Pastrana, um duelo sensacional entre Derek Thorn e Paulie Harraka, além da vitória de Jason Bowles.
Felipe,
Primeiramente, muito bom o seu blog, parabéns.
Falando um pouco da corrida. Recebi o convite de Greg Rayl em dezembro, quando eu estava no Brasil. Perguntei a opinião de dois conhecidos nos Eua e ambas foram favoráveis. Afinal, Sergio Pena seria meu companheiro de equipe(ano passado fez a pole e chegou em segundo atras de Logano), então essa foi também minha referência. Assinei o contrato com o time que tinha algumas cláusulas, entre elas:
– obrigatoriedade de participar de toda a programação do evento
– todo o prize money(prêmio) era do time assim como os 100% do Travel Award(ajuda de custo da viagem ja que sou um piloto da East Series)
– resumindo: prize money $5.000 e Travel Award $6.000 = $11.000 todo o valor foi para o time x 2 = $22.000 já que o Sergio estava na mesma situação que eu.
Então gostaria de frizar que o Start and Park nunca foi meu objetivo, uma vez que tive só despesas(financeiras e emocionais). Eu não poderia NÃO largar, uma vez que eu assinei o contrato. Eu não tinha spotter, tinha um cinto de segurança do tempo da pedra e um banco que custa $110,00, por todos esses motivos não corri. Acho que resumi tudo. O Start and Park era a única opção.
O pior prejudicado foi eu.
Agradeço a oportunidade de expressar minha opinião no seu blog e estou sempre a disposição. Obrigado a todos que estão torcendo por mim e desejo levar a bandeira do Brasil para o Victory Lane na Nascar.
Abraço e obrigado.
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Miguel,
agradeço imensamente os elogios e a paciência de você ter vindo até aqui para esclarecer a situação e colaborar para o debate!
Assim, desejo melhor sorte e bons resultados agora em 2011, na Truck Series.
Obrigado!
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No próprio twitter @miguelpaludo escreveu: “Tivemos umas surpresas aqui, o carro tem vinte cv a menos,.. O pessoal do time e legal e esforçado mas não tem estrutura. + um aprendizado.”, ele não sabia da “fraude”. Achei certo ele correr, afinal: 1. tinha o carro classificado; 2. mostrou seus patrocinadores; 3. evitou um possível acidente com um retardário mais lento; 4. evitou o vexame de uma bandeira preta por lentidão; 5. o show ficou por conta de Pastrana e calro: Jason Bowles.
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Não tenho motivo algum para duvidar do que o miguel paludo fala, mas veja que eu não critiquei essa parte.
O problema foi quando ele ficou sabendo do start and park. Daí ele entrou na fraude. Aí só rebatendo seus pontos rapidão.
1) o carro não estava classificado, o Paludo estava. Se ele não estivesse lá, outro que iria correr a corrida toda e não só largar e parara poderia ter competido.
2) os patrocinadores eram da equipe, não dele. Logo não conta muito.
3) ele era o retardatário mais lento
4) mas criou um novo vexame que foi largar e parar só para embolsar o prêmio
5) exatamente. Ficou com eles, não com Paludo
Thyago, não estou dizendo que voce faça isso, mas acho hipocrisia quem defende o Paludo e depois mete o pau nas equipes da Sprint e da Nationwide que são assumidamente para o Start and Park. Eu sou radical. Isso não é automobilismo. Sorte deles que a Nascar tem mais medo de um grid vazio do que de gente que não corre.
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Rebatendo o seus pontos: 1. Paludo estava classificado, é direito dele correr, como nem a Germain nem a Red Horse tinham carros ele aceitou o convite, como não sabia da precariedade da equipe, aceitou, afinal poderia ser uma grande chance dele conquistar mais destaque na NASCAR. 2. Os patrocinadores, na grande maioria dos casos na NASCAR são dos carros, mas continuo com a minha posição, pois eles tem direito a terem suas marcas expostas. 3. Eu me referi justo a ele e seus companheiros de equipe. 4. O start and park não teve repercussão nenhuma, portanto não foi vexame, Paludo ganhou o premio destinado ao piloto com seu rendimento na corrida. 5. Pois é ninguém falou de paludo, esim de Bowles, Pastrana, Thorn, Harraka…
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Thyago, muito obrigado pela sua opinião! Pontos de vistas diferentes são sempre bem vindos!
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Tá certo. Parabéns pelo blog. Isso só mostra que precisamos de mais discussão sobre a NASCAR aqui no Brasil!
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É o problema do automobilismo-glamour…
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🙂
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