Quando Jean (Jã?) Todt assumiu a presidência da FIA e decidiu convidar ex-pilotos famosos, como Alain Prost e Johnny Herbert, para serem comissários de prova, os elogios foram quase unânimes, afinal nada melhor que um antigo concorrente para saber interpretar direito o que acontece na pista. Bastou a F1 chegar a Mônaco para que o primeiro problema acontecesse.
Damon Hill, campeão da temporada 1996 da F1, foi chamado para ocupar a vaga de comissário. Desde a aposentadoria em 2000, Hill não esqueceu o mundo do automobilismo. Enquanto muitos pilotos tornam-se empresários de jovens talentos, o britânico procurou a política no esporte e se tornou o presidente do British Racing Driver’s Club (BRDC), que é dono de Silverstone, sucedendo apenas ao Sir Jackie Stewart. A escolha para comissário parecia ter sido acertada.
Parecia. Aí, veio a última volta da corrida, Schumacher realizou a polêmica ultrapassagem em Alonso e os comissários – incluindo Hill – tiveram que julgar se a manobra foi legal. O britânico disse que aceitara o convite para a função para que pudesse transformar a experiência como piloto em conselhos para ajudar a decidir as questões, mas não esperava que ele mesmo fosse votar.
O problema não foi Damon desconhecer as regras apropriadamente. Foi ele ter a chance de vingar-se do piloto que lhe tirou o título mundial de 1994. Por mais que em momento algum Hill tenha agido de má-fé, a torcida pró e contra Michael não pensou assim. O britânico disse ter se sentido intimidado ao percorrer o caminho até a sala onde a questão foi julgada. E após o resultado, foi a vez da caixa de e-mails ser entupida por ameaças de pessoas infelizes com a “vingança”.
A decisão da FIA em convidar ex-pilotos começou a ser contestada. Deveria a organização rever a idéia? A solução não poderia ser chamar apenas pilotos que não correram contra ninguém da atual geração da F1? E como dizem por aí: o Schumacher ficou triste com a punição, o Damon Hill.