Se já não bastavam os problemas nos motores, a boa fase da McLaren e a inventada rixa entre os pilotos, a Ferrari foi sacudida nesta semana pela Comissão Européia de Saúde Pública, que acusa a equipe de fazer propaganda para a Marlboro. Lembrando que desde 2002 a publicidade tabagista foi caçada na F1, chegando a ser extinta.
Para sorte da equipe de Maranello, os médicos não souberam o que acusar. O relatório ataca tanto ao código de barras na asa-bigorna, quanto à combinação de cores vermelha e branca dos carros. Aí os italianos aproveitaram para se defender da forma mais óbvia possível, dizendo que a cor rubra faz parte da história do automobilismo italiano, muito antes de qualquer patrocínio. O que não deixa de ser verdade.
Quanto ao código de barras, o jeito foi usar a resposta que sempre esteve na ponta da língua. É só um desenho e nada mais. É apenas coincidência lembrar a marca de cigarros, já que não é um trademark da mesma. Besteira. Para começar, o desenho fica no mesmo lugar que estava o logo antes. Veja o carro de Rubens Barrichello acima.
Depois, quando colocamos o logo lado a lado com o código de barras, vemos que até que não é tão semelhante. Mas é nessa hora que entra a identidade visual da marca. Todo mundo se acostumou em ver o logo presente na Ferrari, mais precisamente na parte de cima da carenagem. O código de barras não é o logo, mas por ser visualmente parecido, passa exatamente a mesma mensagem.
E isso não é exclusividade da Scuderia italiana. Vejamos outro caso envolvendo os americanos da Phillip Morris. Vejam o carro da Penske em dois momentos. Repararam que todo lugar que estava escrito Marlboro agora se lê Team Penske? Indo além, vejam o detalhe do bico do carro, não é exatamente o mesmo desenho da logo? E por anos, a Penske utilizou esse esquema de pintura, justificando “apenas” o patrocínio da Mobil 1.
Aliás, falando em identidade visual, o esquema de pintura da Penske remete a um piloto brasileiro. Acho que não é necessário falar quem. Viram? É desse jeito que a Ferrari e a Penske passam a mensagem do cigarro.
E a equipe de Roger Penske tomou gosto por essa publicidade velada. Em 2009, a Verizon adquiriu a Alltell, que patrocinava um dos carros na Nascar. Como Verizon e Sprint, que é a “title sponsor” da categoria, são concorrentes o time não poderia manter esse acordo. A solução foi a mesma encontrada na Indy: colocar Team Penske ali para disfarçar. Veja abaixo o carro de Brad Keselowski na Sprint Cup e de Justin Allgaier na Nationwide, onde a empresa de telefonia pode colocar o logo.
E isso é mais comum do que imaginamos, a BAR/Honda usou uma bola estranha nos carros por anos claramente fazendo referência ao patrocinador, o cigarro Lucky Strike. E os nomes nas laterais das McLarens? A “Be on Edge” da Jordan, que era montado apenas porcamente apagando letras de Benson Hedges, outra marca tabagista. Aliás, já pensaram em quanta coisa nos atinge por aí dessa forma velada?